Barbers, burgers and sales

Bruno Peron

A presença da língua inglesa em vários setores de comércio e no cotidiano indica a necessidade de um conjunto de símbolos para comunicação global. Por maiores que sejam os esforços oficiais para consolidar a língua portuguesa no Brasil (por exemplo através do Acordo Ortográfico), o número de falantes lusófonos é limitado.

Por motivos diversos, o uso de expressões inglesas vulgariza-se, até mesmo onde elas não seriam necessárias nem teriam cabimento. Muitos acreditam que elas agregam valor aos negócios e ampliam a clientela, por isso é mais comum encontrarmos ‘barber shops’ hoje em dia que ‘barbearias’, ou mais ‘hairdressers’ que ‘cabeleireiros’. Essas palavras soam chiques, e uma novidade tão fugaz e rapidamente banalizada quanto as ‘paletas mexicanas’.

Essa tendência de emprego de palavras inglesas não é tão nova, de fato. Há tempos deixamos de ler cartazes sobre a ‘Lanchonete da Cida’ para encontrar ‘Cida’s Lanches’ ou até mesmo ‘Cida’s Burgers’. Contudo, há diferenças entre o produto que se oferece como ‘burger’ (o hambúrguer americano) e os tradicionais lanches brasileiros. Para não falar da proliferação de hamburguerias artesanais (este sendo um conceito mais novo) e a ‘gourmetização’ de alimentos através dos ‘food trucks’ (já não mais ‘trailers’ de lanches, e talvez estes já estejam meio fora de moda ou de uso).

Os segmentos de alimentação e moda são possivelmente o cenário em que o inglês se faz mais notoriamente presente no Brasil. Logo vemos anúncios de ‘sale’ ou ‘30% off’ pendurados sobre peças de roupas em promoção; ou quando encomendamos pizza, ela vem como ‘pizza delivery’ no caixote de algum motoqueiro dirigindo às pressas.

O inglês está na boca e na tinta de agentes da banalização de códigos forâneos, que nem sempre são bem pronunciados ou bem escritos como nativos os identificariam. A língua inglesa chega para codificar o desejo da maioria de conectar-se ao mundo, e de trocar experiências através de uma linguagem reconhecida globalmente.

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