Inglês no currículo

Inglês no currículo

Bruno Peron

O domínio da língua inglesa afunila oportunidades na seleção de currículos. Ter conhecimentos de inglês, ainda que básicos, abre portas profissionais e traz perspectivas de salários mais altos no mercado de trabalho.

Recrutadores veem com bons olhos o esforço que seus candidatos têm dedicado a aprender inglês. E, diferentemente do que muitos imaginam, até mesmo vagas em locais de trabalho que não usam a língua inglesa diretamente em sua rotina de trabalho solicitam tal bagagem de conhecimentos e habilidades. Há um significado educacional nessa tendência: eles querem candidatos que deem importância à sua formação.

É por isso que me referi no começo deste artigo ao funil de oportunidades. O que antes era apenas um diferencial passa a ser uma exigência, embora a clivagem mais recente seja entre aqueles muitos que têm noções básicas de inglês e aqueles poucos que têm fluência. Meu argumento central neste texto é que o domínio do inglês é um indicador de que um candidato valoriza sua formação educacional; consequentemente, há expectativa de conquistar posições e salários mais altos em sua carreira.

No Brasil, há excesso de oferta de mão-de-obra pouco qualificada para a escassez de vagas num cenário econômico precário. Tal desequilíbrio laboral tem deixado o mercado de trabalho mais criterioso na seleção de seus candidatos. Assim se valorizam cursos de pós-graduação e conhecimentos de uma segunda língua. Para brasileiros, é importante conhecer inglês e espanhol, preferencialmente inglês por ser mais global.

O primeiro problema é a autoavaliação em nível de inglês de quem preenche um currículo, pois um idioma não entende escalas ou níveis. Porém, há no mercado exames para colocação em níveis e identificação de proficiência, que variam em método de um aplicador para outro. As classificações mais comuns em níveis de inglês são: básico, intermediário, avançado e fluente. Há também instituições que adotam letras e números em sua classificação, ou aplicam testes rápidos pela Internet. Não há uma convenção ou regra geral.

É importante que as pessoas sinalizem seus conhecimentos de língua inglesa com sinceridade no currículo. Seria válido colocar que o candidato está fazendo algum curso de inglês no momento e há quanto tempo, pois esta informação já é um sinal de boa vontade para o recrutador. Testes serão possivelmente realizados, e muitas vezes as entrevistas também serão conduzidas em inglês. Há empresas que selecionam seus candidatos através de uma breve conversa telefônica em inglês, e em muitos casos poupam tempo a seus recrutadores.

Brasileiros têm em geral uma tendência lúgubre a desvalorizar sua educação ou deixar para adquirir conhecimentos de inglês na última hora. Felizmente, muitos pais e educadores põem seus filhos para estudar inglês ainda jovens, e colherão bons frutos. Outros realmente deixam para se matricular em cursos de inglês quando a vida os pressiona por alguma oportunidade de trabalho ou vivência internacional. É verdade que nunca é tarde para começar a aprender, mas a assimilação de um novo idioma toma esforço e tempo.

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