NÍVEIS DE INGLÊS
Bruno Peron

O mercado de idiomas tem uma obsessão curiosa por inserir aprendizes da língua inglesa em níveis: escolas fazem exames de colocação, instituições acadêmicas emitem certificados, websites oferecem testes rápidos de nivelamento. Meu ponto de vista, entretanto, é de que essas ferramentas são imprecisas e têm um propósito mais mercadológico que pedagógico.

Por um lado, ouvimos falar de categorias genéricas e frequentemente classificadas como ‘Basics’ (Básico), ‘Beginner’/’Starter’ (Iniciante), ‘Elementary’ (Elementar), ‘Intermediate’ (Intermediário) e ‘Advanced’ (Avançado). Existem também sub-categorias tais como ‘Pre-Intermediate’ (Pré-Intermediário) e ‘Upper Intermediate’ (Intermediário Superior).

Por outro lado, há os níveis medidos de 0 a 3 (assim numerados em 0, 1, 2 e 3) em função da demanda de alguma escola ou instituição, e níveis avaliados por letras (A1, A2, B1, B2, C1 e C2, como aquele sugerido pela Common European Framework of Reference, CEFR).

Em geral, as habilidades que se mensuram envolvem leitura, escrita, audição, fala, pronúncia, vocabulário, gramática, estrutura, interpretação, fluência e interações. Mas há avaliações de nível que eventualmente olham para aspectos mais específicos.

O ponto que abordo em tom de divergência é que línguas por si sós não são capazes de identificar níveis em seus falantes e usuários. Tal função cabe a entidades, escolas e instituições que tomam a iniciativa de exercê-la. Logo, testes de nivelamento são recortes subjetivos.

Aprendizes de inglês condicionam-se a assimilar conteúdo linguístico em variações de complexidade de acordo com seus interesses pessoais, sua curiosidade, sua bagagem de vida, seu tempo dedicado ao estudo, sua inteligência e sagacidade.

Recordemos que uma criança que aprende sua língua nativa observa, ouve, experimenta e assimila de tudo nos locais que a norteiam: em casa, na escola, na rua e ao seu redor. Com o tempo, ela vai esquematizando, racionalizando e aprofundando o conteúdo que aprende. E o faz a partir de suas demandas pessoais e pedagógicas, sem que seu aprendizado tenha que ser necessariamente linear.

As categorias de nivelamento, ainda que sejam quase sempre genéricas e imprecisas, têm a finalidade de legitimar o acesso de alunos à pós-graduação, vender livros didáticos ou editoriais, colocar estudantes no grupo A ou B do curso de línguas, ou confeccionar uma vitrina no currículo.

A abordagem do Inglês Dedicado aposta na instrução alinear da língua inglesa e relega o nivelamento de alunos a segundo plano. O trabalho pedagógico é pautado na concentração em temas diversos e semanais que trazem conhecimentos que oscilam em complexidade. A finalidade é beber de fontes nativas, em cada semana: séries na televisão, gibis, rádios, notícias em meios de comunicação, palestras, revistas, entre outros.

Os alunos, assim, demonstram o que querem e precisam aprender em suas aulas personalizadas, que podem ser parcialmente em inglês ou totalmente em inglês. Portanto, entendo que nivelamento em inglês tem finalidade mais mercadológica que pedagógica.

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